Quando você escuta a palavra empatia o que vem em sua mente?
A empatia tem seu conceito ligado à filosofia e à psicologia, destacando-se principalmente a partir do final do século XIX e do início do século XX com a necessidade do ser humano de entender melhor o outro.
Sua habilidade se inicia na infância através da nossa educação em se importar com o outro e a principalmente ouvir com amor e atenção tudo o que se diz. Empatia então nada mais é que a capacidade de entender as emoções do outro se colocando no lugar dele. Parece fácil não é mesmo?
Praticar a empatia não é tão simples como se parece. Quando você tenta se colocar no lugar do outro em uma situação está trazendo toda sua bagagem, crenças e julgamentos então, se os seus valores não estão de acordo com a situação dificilmente você criará uma conexão, ou seja, dificilmente você fará rapport com a pessoa, paciente ou equipe.
Você precisa entrar no mundo de uma pessoa para então entender a situação do modo de vista em que ela está vivenciando com a bagagem e história dela. Afinal não é sobre você ou sobre sua opinião ou que julga ser melhor, é sobre acolher e ajudar o outro com seus próprios sentimentos. Penso sempre que não começamos ouvir com empatia de uma hora para outra, principalmente na Enfermagem. Você não olha para o paciente do nada e fala “olha eu te entendo”. Você precisa realmente se importar, realmente estar disposto a deixar de lado qualquer possibilidade de julgamento para honrar e respeitar o que está recebendo do outro.
Eu como Enfermeira de Cuidados Paliativos muitas vezes após um óbito me sentia muito honrada por poder ter vivenciado os últimos minutos de vida de um paciente. É uma responsabilidade e tanto, muitas vezes está só você e ele e nem o membro mais amado daquela família pode vivenciar esse momento. Então sempre agradeci, principalmente pelo aprendizado que o paciente me possibilitou. Para nós profissionais de Enfermagem é essencial que tenhamos a capacidade de exercer a empatia em sua forma mais singela. O diferencial na assistência de um profissional que exerce empatia e outro que não é incrivelmente perceptível.
Deste modo, ela se tornou uma das habilidades comportamentais mais buscadas nos profissionais e cada vez mais a busca será maior. Exercer a empatia nos torna humanos e nos faz sair do automático de um procedimento técnico para perceber o quanto um simples toque faz o paciente se sentir mais seguro. É entender que a dor do outro só pode ser sentida e mensurada por ele mesmo e que por mais que você queria mensurar a dor através inúmeras escalas e de sua percepção não será possível, pois ela não está dentro de você e sim no outro.
Vivemos em um mundo frenético, onde queremos realizar nosso trabalho o mais rápido possível e quando nos damos conta estamos completamente mecânicos. Gosto de dizer que essa linha entre o profissional empático e o profissional mecânico é muito tênue, a correria dos plantões, realizações de protocolos e sobrecarga de trabalho é um grande agravante para esse mecanismo e é difícil não tender a ir pelo lado mais prático.
Se você pensar em uma punção venosa, por exemplo, é muito mais fácil separar material ir ao leito do paciente, verificar sua rede periférica, escolher a melhor via e simplesmente puncionar, sair do quarto já pensando em sua anotação. Mas e se o paciente estiver com medo? O tempo de realização do procedimento não será como planejou não é mesmo?
E se for um paciente oncológico e sensível até mesmo ao seu toque devido à dor, você realizaria o procedimento com a mesma eficácia?
Ao contrário do que muitos pensam quando iniciamos o procedimento estabelecendo uma relação empática com o paciente você não está perdendo seu tempo, está garantindo uma relação de confiança e com isso o procedimento ser mais tranquilo e mais eficaz.
Pare para pensar quando foi a última vez que conversou com alguém que te procurou para desabafar em que você realmente o escutou em sua essência. Quando foi a última vez que escutou sem formalizar durante a escuta já uma resposta. Será que olhou nos olhos dessa pessoa ou durante a escuta continuou o que estava fazendo?
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